Em live, prefeito em exercício e psicóloga falam sobre saúde mental durante a pandemia

A Prefeitura de Itupeva realizou mais uma transmissão ao vivo na noite desta quarta-feira (23). O prefeito em exercício, Alexandre Mustafa, recebeu a psicóloga do Hospital Municipal Nossa Senhora Aparecida, Monalisa Bortolato, para abordarem a questão da saúde mental durante a pandemia.

Em live, prefeito em exercício e psicóloga falam sobre saúde mental durante a pandemia
Alexandre Mustafa e Monalisa Bortolato durante a transmissão ao vivo

 

Alexandre Mustafa deu início à live agradecendo a presença da psicóloga, e fez uma atualização sobre a situação da pandemia no município. “No Hospital Municipal Nossa Senhora Aparecida nós temos, hoje, 60% dos leitos de UTI ocupados e 45% dos leitos de enfermaria”, explicou o prefeito em exercício.

Em seguida, foi explicado sobre a situação da vacinação na cidade. “Os Planos Nacional e Estadual de Imunização dizem que, entre os dias 16 e 22 de junho, seriam vacinadas pessoas entre 50 e 59 anos. Itupeva recebeu, aproximadamente, 1.500 doses para vacinar a população desta faixa etária. No entanto, o Plano prevê que demos início à vacinação em pessoas entre 43 e 49 anos, e nós recebemos um lote de vacinas para essa população. Algumas pessoas de 50 a 59 anos estão questionando que não receberam a vacina e vão começar a vacinação em faixas etárias menores. É o Plano São Paulo que encaminha o lote de vacinas para a cidade determinando a população que vai ser vacinada com aquele lote. Então, esse que recebemos para 43 a 49 anos, obrigatoriamente precisa ser utilizado nesta faixa etária”, explicou Mustafa. “Aqueles que têm entre 50 e 59 anos que deixaram de ser vacinados, também receberão a vacina, no entanto, precisam chegar novos lotes. Nós recebemos cerca de 1.500 doses, mas pelos cadastros nós estimamos uma população de seis mil habitantes nesta faixa etária. Ou seja, 25% já receberam a vacina, os demais 75% deverão esperar novos lotes. Nós estamos cobrando, diariamente, o governo para que encaminhe as doses para Itupeva. Enquanto, aguardamos essas doses chegarem”, completou.

A partir de quinta-feira (24), as pessoas entre 47 e 49 anos que fizeram o cadastro receberão o SMS confirmando o agendamento e serão vacinadas. Também vão ser vacinados remanescentes que tenham entre 56 e 59 anos. "Conforme formos recebendo novos lotes, nós vamos chamando a população de acordo com a faixa etária determinada no lote”, afirmou o prefeito em exercício.

Dando andamento à live, a psicóloga foi questionada como é feito o atendimento psicológico humanizado no Hospital Municipal Nossa Senhora Aparecida. “Nós atendemos os pacientes internados tentando focar sempre no aspecto individual desse paciente, entendendo a questão biopsicossocial e espiritual, entendendo ele em um contexto geral. A partir disso, é feito um trabalho de escuta. A equipe cria essa empatia com o paciente, que está vinculada com a questão da humanização. Nós estamos tentando trabalhar sempre dentro deste quadro de humanização, que é um atendimento essencial, principalmente com os pacientes que estão apresentando sintomas da Covid-19”, explicou.

Monalisa falou sobre os principais sintomas emocionais da Covid-19, que são as alterações de humor, medo intenso, angústia e ansiedade. “O medo é muito característico ao que o paciente fantasia que seja o atendimento hospitalar, voltado a uma questão de morte ou informação de piora. Tentamos entender, dentro desse contexto biopsicossocial, quais são as fantasias do paciente em relação à internação para ir desmistificando e mostrando que o hospital é um ambiente onde vamos cuidar e tratar, trazer a vida e não a morte. O atendimento é bem direcionado a essa escuta mais qualificada e acentuada do paciente”, disse a psicóloga.

Também foi discutida a abordagem humanizada diariamente no hospital. Monalisa explicou que o paciente, muitas vezes, tem um medo intenso que acaba acentuando alguns sintomas da Covid, como a fadiga e o desconforto respiratório. A equipe de psicólogos tenta atender qual é a compreensão que o paciente tem sobre a internação, desmistificando e tentando minimizar esses sintomas psicológicos.

Também foi explicado como o medo acaba interferindo nos aspectos fisiológicos do paciente. “O medo é uma emoção que acaba liberando hormônios, acaba acelerando os batimentos cardíacos, e isso interfere, significativamente, na oxigenação e saturação do paciente. Conforme vamos entendendo esse medo e angústia, o paciente vai conseguindo aliviar esses sintomas físicos. Esse serviço é muito favorável para o paciente com Covid”, disse Monalisa.

O prefeito perguntou como é feita a abordagem com a família dos pacientes e a psicóloga explicou que existe um cuidado para ele não se sinta isolado. São feitas ligações para entender o vínculo afetivo com os principais familiares do círculo afetivo do paciente, que geralmente são pais e filhos, que são escutados sobre como estão lidando com essa separação. “A família estando mais tranquila, ela consegue tranquilizar o paciente também. É uma ajuda mútua”, afirmou Monalisa.

“Essas emoções e sintomas que o paciente apresenta no atendimento também estão relacionados com a perda da privacidade, de autonomia, a esse distanciamento da família. Quando nós estamos doentes, gostamos de ter esse cuidado de uma pessoa mais próxima da gente. Esse contato com a família, mesmo de maneira virtual, é essencial porque a angústia vá minimizando e favorecendo, inclusive, o tratamento do paciente”, explicou a psicóloga.

Mustafa pediu para que fosse explicado sobre essa nova metodologia implantada no hospital de contato virtual do paciente com a família. A psicóloga disse que a visita virtual, por chamada de vídeo, é feita tanto com os pacientes que estão internados na enfermaria quanto na UTI. “Nós recebemos vários elogios porque esse atendimento não ocorre em diversos hospitais. A visita virtual é feita mesmo com o paciente estando inconsciente. Antes da visita, entramos em contato com a família para orientar e preparar eles para esse momento. Nós explicamos que o paciente intubado está com o funcionamento neurológico normal, ele não está consciente, mas ele percebe os estímulos auditivos. Nós já percebemos alterações positivas nos pacientes ao receberem a visita virtual. Já existem estudos falando sobre isso, mas nós presenciamos isso”, disse Monalisa.

Durante a visita virtual, são explicados, de maneira simplificada, o que são os aparelhos que ficam ao lado do paciente e para que servem, porque muitas vezes o familiar não compreende o que o termo médico significa, visando minimizar o medo e a angústia do familiar.

“Temos que acreditar que a ciência, a medicina, a psicologia estão trabalhando para recuperar os pacientes e trazê-los novamente no nosso convívio”, disse Mustafa.

Mustafa questionou se os profissionais da linha de frente, como médicos, enfermeiros e a própria equipe de psicologia também recebem esse atendimento psicológico. Monalisa explicou que existe o plantão psicológico para todos os profissionais da linha de frente, em que são realizados os atendimentos e o acolhimento. “Nós observamos que a equipe fica muito sobrecarregada. É uma demanda nova e intensa. A equipe fica muito comovida inclusive durante o atendimento dos pacientes, que, por estarem sem acompanhantes, acabam demandando mais atenção dos profissionais. Esse atendimento para os profissionais é disponibilizado e também temos esse olhar, porque muitas vezes o colaborador não nos procura, mas nós observamos essa necessidade”, disse.

Ao ser questionada sobre como manter a saúde mental durante uma pandemia, Monalisa disse que é importante observar o que está e o que não está sob nosso controle, porque existem situações que podemos controlar individualmente e outras que não podemos. Foi explicado que todo excesso é uma falta introjetiva, o medo do vírus em excesso é prejudicial na questão emocional da pessoa, mas o não ter medo também é prejudicial. Ela também falou sobre observar como essas emoções estão dentro de si, e se estiverem em excesso, é importante procurar um atendimento psicológico, além de manter a rotina e as atividades do dia a dia, como ter hábitos saudáveis. “Também é importante fazer coisas que nos dão prazer, ter hobbies que nos tirem da rotina do estresse e ter onde descarregar essas emoções”, explicou a psicóloga.

Mustafa perguntou sobre a diferença entre ansiedade e transtorno. “A ansiedade é comum em todos nós, é natural, mas começa a se tornar um transtorno quando afeta a minha rotina, o trabalho, a alimentação, o sono, a vida de uma maneira geral”, explicou Monalisa.

Monalisa também falou sobre a necessidade do próprio profissional da psicologia em ter um atendimento psicológico. “O profissional da psicologia também precisa ter um acompanhamento, até mesmo para não misturar as minhas demandas internas com a do outro. Então eu tenho esse espaço de escuta e também sigo as indicações da minha psicóloga”, afirmou Monalisa.
A psicóloga também foi questionada pelo prefeito em exercício qual é a recomendação para os pacientes que estavam internados ao terem alta e voltarem à vida normal. “Nós costumamos preparar o paciente para o retorno para casa e para a rotina, que não vai ser como era antes, e que leva algumas semanas para voltar ao que era antes. É um período de espera, um momento de desacelerar. E tendo uma alteração muito grande no comportamento e nas emoções, também é importante estar procurando um auxílio psicológico”, explicou Monalisa.

Finalizando a transmissão, Mustafa agradeceu todos os profissionais da psicologia, que têm sido de extrema importância no enfrentamento a pandemia da Covid-19. “Com os cuidados com a nossa mente, nós vamos superar de forma muito mais fácil o enfrentamento a pandemia. É tranquilizante saber que temos pessoas cuidando da saúde física e mental, finalizou Mustafa.